Royalties

Olá! estava a fazer umas pesquisas e descobri que existe artistas que mesmo a venderem muito ficam a dever dinheiro às editoras e outras situações deste genero e fiquei com varias duvidas!
Por exemplo, eu queria saber o quanto ganha um artista por album vendido e quantos royalties recebe em media??
Ou de uma maneira mais geral, quais sao as "formas" com que um artista ganha a vida para além de royalties ?

Cumprimentos

É muito variável, dependendo do tipo de contrato...

actualmente, com o declínio da indústria fonográfica, os contratos são cada vez mais míseros, daí que muitos "artistas" optem por fazer self releases e por aderirem a plataformas de distribuição digitais (que pagam uma miséria).

em termos de direitos de autor, esquece, devem receber uns 0.0000000000001 cêntimos por cada x que a sua musica passa na rádio.

Basicamente as coisas actualmente funcionam da seguinte forma:
-A banda grava e paga do seu bolso o estúdio
-A editora paga a prensagem (ou parte) e a banda recebe x nºs de Cd's para vender (e não recebe das vendas dos restantes)
-A banda "vive" da venda dos ditos Cd's e merch nos concertos, o que na maior parte das x's não dá para cobrir as despesas.

Há milhões de artigos na Net sobre isto, basicamente com o pessoal todo a queixar-se que ter uma banda (e estamos a falar de bandas com 2/3 álbuns gravados, editoras de média dimensão e que fazem tours) é passar fome...

Aqui está um tema interessante, mas que não deixa de ser triste.......

Como qualquer pessoa que esteja da música de forma séria eu também um dia desejei vir a ser músico "profissional" (leia-se viver da música como "artista"), posso dizer que "trabalhei" muito (nem sempre bem), mas a verdade é que apesar dos concertos e convites aparecerem, aquilo que torna qualquer "negócio" sustentável nunca vi, ou seja dinheiro. Entre gastos em equipamento, deslocações e promoções da banda, o saldo sempre foi negativo.....isto até que o tempo passou e esse tipo de ambições passaram.

O que hoje constato,é que todos aqueles com que me cruzei nesse percurso, e que hoje ainda continuam a lutar por esse objectivo (vale-lhes a persistência) continuam na mesma, a meter dinheiro próprio para gravar e promover-se, muitos ainda (e passados mais de 10 anos) a tentar lançar o primeiro álbum (o que nos dias de hoje não me parece assim tão importante). Outros com muitos anos de disto, com carreira e vários álbuns lançados em pouco difere dos outros.....

Vai se safando quem dá aulas, quem toca em bandas de baile (este sim um negocio que parece que nunca mais acaba) e quem faz produções e pouco mais....pelo menos que eu saiba.

Em relação às plataformas digitais, há um artigo na Time sobre os valores de stream de alguns artistas:

http://business.time.com/2013/12/03/heres-how-much-money-top-musicians-are-making-on-spotify/

E um artigo também interessante sobre como funcionam os royalties:

http://entertainment.howstuffworks.com/music-royalties6.htm

E sobre o que ganha o artista com isto tudo:

http://www.digitalmusicnews.com/permalink/2014/04/03/streamingstatements

E sobre quem toca em bandas de baile, bandas de covers e produz se safar... não é bem assim...

E sobre quem toca em bandas de baile, bandas de covers e produz se safar... não é bem assim... escreveu:

Se calhar dei a ideia errada, porque as bandas de baile é um trabalho muito sazonal, bandas de cover não conheço nenhum espaço que pague "bem" para se viver disso.....acho que fica só a carolice e prazer de se tocar ao vivo.

Mas qual é vossa precessão/experiência?

Sou pseudo-músico há mais de 20 anos (originais).

o que posso dizer, é que as coisas alteraram-se muito nos últimos 10/15 anos. Se por um lado há mais sítios para tocar e melhores condições (tanto a nível de equipamento como de técnicos), a verdade é que as restantes condições sofreram com isso (para além do dinheiro outras coisas simples como o respeito pelos músicos).
Acima de tudo, há algo que me faz confusão: há uns anos, era convidado para tocar; agora tenho que andar a chatear os sítios e a pedir favores para pôr os pés num palco (pessoalmente não, mas isso é outra estória...)
É sem dúvida mais fácil formar uma banda actualmente (desde a aquisição de material, a espaços para ensaiar, possibilidade de gravar a aprender a tocar...), mas mais difícil mantê-la...

Quanto às bandas de covers/ baile:
-Tenho bastantes amigos em bandas de covers e cada vez os bares pagam menos

-trabalhei uns tempos com uma banda de baile como roadie/ técnico de som. Posso-vos dizer que em menos de um ano, os valores que recebia passaram para metade (assim como os valores de cachê da banda)

Geralmente os bares pagam por percentagem das entradas nessa noite, do que ainda me lembro e já no meu tempo, esses tempos davam para pagar e mal o combustível.

http://www.journalism.wisc.edu/~gdowney/courses/j201/pdf/readings/Albini%20S%202006%20-%20music%20industry.pdf

um bocado desactualizado, mas dá uma ideia de como as coisas funcionam.

A partir do momento em que esperam retorno financeiro, a música é uma indústria como qualquer outra e, de uma forma geral, vai vender aquilo que o dinheiro (quem o tem) quer que venda.

Se decidissemos dar 4 minutos da nossa vida para ouvir uma gravação de cada banda que busca algum sucesso, acho que o resto da vida não iria chegar... e teríamos uma morte prematura pela tortura que seriam a maior parte das bandas.

Ou se tem um projecto mesmo especial a todos os níveis ou então a coisa não vai longe em termos de retorno.

não é pela qualidade que se vai lá. a maioria das bandas boas não fazem dinheiro nenhum, ou nada que de para viver. já está mais que provado que é muito mais fácil fazer dinheiro quanto mais merda a música for.

Referia-me a projectos musicais honestos e não produtos da indústria musical. Se não fizeres parte da indústria e tocares musica para entreter os ouvidos (fraca) vais meter uns quantos parolos a bater palmas mas também não vai pingar graveto nenhum.

Este tópico dá muito paninho para mangas...

Até hás uns bons 20 anos atrás,ainda se conseguia alguma coisa nos circuitos de covers,mas a qualidade fazia a diferença;fiz parte de alguns projectos e ganhei algum guito,mas nada que desse para pagar o investimento em gear,ensaios,deslocações,etc,etc...!Nos tempos actuais as coisas têm ido de mal a pior,tanto para os músicos profissionais como para os outros,muito especialmente devido à crise e locais para tocar andam cada vez mais escassos,e quando os há,a vasta maioria dos donos pagam mal...  


Outros socorrem-se de karaoke's,pimbalhadas e sei lá que mais!!! Hoje em dia para realmente fazer a diferença e obter algum sucesso/retorno o que o Kouros disse é muito pertinente e faz todo o sentido.

Música como:

Arte - Fazes o que quiseres, como quiseres, quando quiseres.. se ganhares uns trocos ou uns jarros de vinho, tanto melhor.

Negócio - És um produto de uma indústria como qualquer outra. A tua qualidade/visão artística é totalmente irrelevante, tens é de alimentar o mercado actual senão não és um produto e ficas fora de circulação.


O grande conflito interior para grande parte dos músicos é aquilo que se resume à típica conversa "Nós fazemos boa música de qualidade artística superior mas as pessoas só querem é pimbalhice, não sabem o que é bom e bla bla bla."

O equivalente será dizer "Inventei a Coca Cola biológica que além de não ter calorias ainda tem vitaminas! ...mas as pessoas são estúpidas, não sabem o que é bom."

Portanto se virem uma banquinha numa feira com um produtor caseiro a vender a sua Cola biológica a 5€, já sabem... comprem, caso contrário estão a ser como "as pessoas estúpidas que não sabem o que é boa música"  

Tópico de 2014...

O que mudou?

Nada. Ou tudo. Ganhar dinheiro com a música está cada vez mais difícil. E como disseram em cima, já nao existe respeito pelos músicos. Contactaram me para tocar xlcerca de 3h na passagem de ano e eu pedi 600€ para 5 pessoas. Pediram me para baixar o preço para 350€ e ficávamos apenas 2h.
Faças Tavas com ele. Isto é apenas um exemplo da falta de respeito que existe pela profissão.
Depois ainda existe aquela malta que tem um trabalho de escritório e tem uma banda de covers para tocar ao sábado nuns bares e vai lá por tuta e meia. Aqui ainda fica mais grave, é músico a desrespeitar músico. Depois chega lá um gajo a pedir um preço justo e leva um pontapé no vi porque existe outro gajo que faz o dobro por metade do preço. Isto falando dos covers.

Já nos originais o cenário está mais ou menos parecido. Queres uma editora, tens de pagar do belo e rezar para que eles não te comam. Por outro lado, podes fazer uma edição de autor e rezar que pegue l. Um pau de 2 bicos

Infelizmente é bem verdade;tudo o que disseram acontece na vida real.No panorama nacional é a desgraça completa,e com excepção de meia dúzia de artistas que se fartam de vender,o resto é mais um estado de espírito do que uma realidade que deveria acontecer naturalmente.As editoras comem couro e cabelo,e o que sobra para os músicos ou artistas é uma miserável percentagem sobre as vendas...

Isto sem falar nos "empresários" que organizam festas e que contratam as bandas, esses que deviam ter algum respeito pelos músicos que lhes dão comissão sem eles fazerem nada de mais são os piores, pois estão é com vista no lucro que tem em meter lá a banda X ou Y . em vez de protegerem os músicos que trabalham com eles fazem o inverso e comportam-se como chulos transformado os músicos nas suas p****.

Desculpem este desabafo já estive em projetos de música de baile, e estes gajos não valem nada.

ATEMÇÃO :não estou a generalizar estou a falar com os que trabalhei e as experiências não foram muito boas

Infelizmente é bem verdade...!Passei por grupos de baile nos anos de 1978,'79 e parte de '80 (dava jeito ganhar algum guito para enterrar em mais gear,que a história do G.A.S. já tem longas barbas...!)

Naqueles tempos haviam alguns ditos "empresários" que contractavam bandas para diversos eventos,e muito poucos tinham alguma consideração pelas bandas e músicos.Na maioria das vezes limitavam-se a enviar uma lista quinzenal com os locais de trabalho,as entidades locais a contactar e cobravam os 10% dos cachets,sem se preocuparem se a banda tinha de fazer 10 ou 100 km,ida e volta...! Refeições...? Despesas...? Tudo por conta dos músicos,claro...! Apoios...?! Nunca tive nenhum...!

No circuito de músicos de estúdio,as coisas fiavam mais fino,porque a malta era muito unida,e defendíamo-nos uns aos outros;acertávamos os cachets,de acordo com o projecto ou produção,e ninguém lixava o esquema.Muito mais tarde começaram a aparecer os patos-bravos a oferecer os mesmos serviços a troco de quase nada,e o mercado nunca mais foi o mesmo.

Claro que estou a falar de profissionais freelancers e não tínhamos vínculo permanente a nenhuma empresa ou editora.O que nos valia eram alguns excelentes produtores que não abriam mão de facilitismos,e quando queriam fazer alguma coisa,contactavam a malta de confiança e esses sim,nunca nos deixavam agarrados.Bons tempos...!

Slider 10%?? quem me dera...

Vou contar uma historia que se passou comigo, vou resumir ao máximo.

Á uns anos fui contactado por um empresário para a minha banda ir tocar numa festa, acertamos cachet " sem deslocações,alimentação ou outras despesas " e nós lá fomos, demos o nosso concerto e viemos embora, passado uns messes recebo uma chamada de um bar, o tipo era da comissão de festas e dono de um bar gostou do nosso concerto e decidiu contratar, a minha resposta á pergunta " quanto é o vosso cachet ? " foi de metade do que levamos para um palco, ao que o tipo responde que era muito, fiquei espantado e pergunto ao gajo " 200€ é muito? já viu que vamos fazer 90km para ir e 90 para voltar? " tenho como resposta " metade de 1200 são 600 e não 200." ou seja o empresário cobrou 1200€, deu 400 á banda e ficou ele com 800€, ou seja ganhou 8 vezes o valor que qualquer músico ganho, isto se não contarmos com as despesas ...

Nunca mais fui atrás da conversa deles, e estabeleci uma regra para mim próprio, se não tocar pelo valor que considero justo não toco,e sigo essa regra sempre. ainda agora sai da minha banda de baile devido a uma situação do tipo da parte de um empresário, não toquei na passagem de ano,mas também não me senti explorado, se mais músicos/bandas tivessem este tipo de comportamento certamente que as coisas hoje em dia seriam bem diferentes.

Precisamente por essas e por outras é que estou parcialmente arredado dos circuitos habituais; se alguém me quiser a trabalhar, de guitarras nas unhas ou atrás de uma mesa de mistura,só têm de pagar o meu cachet (até passo recibos devidamente documentados se necessário!).Se concordarem e as condições mínimas de parte a parte forem observadas e respeitadas,tudo bem e até pode ser que se repita.Se não concordarem,escusam de regatear que eu não moro num qualquer kashbah/mercado e não regateio nem negoceio.Acredita que filtrei bastantes chicos-espertos/patos-bravos;nunca mais me chatearam.

Com pessoas certas e sérias,nunca tive problemas e por vezes até lhes faço uma atenção pontual (não confundir com descontos!).Há cerca de dois anos,fui contactado por um sujeito que estava com dificuldade em contractar um músico/entertainer para um aniversário à porta fechada.Como a pessoa sempre me tratou com respeito e educação,fiz-lhe a atenção de não lhe cobrar nada no final;perfiro isto para quem merece e me trata bem do que estar a regatear com patos bravos que não me dizem nada nem me ensinam nada que eu (in)felimente já não saiba...!

It´s a "tramado" world.

Outra engraçada que me aconteceu também, foi oferecerem me 50€ para ir tocar uma noite, para safar porque o guitarrista não estava livre. Ora Bem, perder tempo a estudar 60 músicas, deslocar me para o ensaio e para o concerto. Tive de pedir 150€. O gajo nunca mais me chateou na vida. Infelizmente já nem os próprios músicos trem respeito uns pelos outros.
Essa história dos agentes também e outra. Sei de pessoal que ainda tem bailes para receber porque o agente simplesmente "esqueceu se" de pagar.

por PedroGRock Hoje à(s) 12:52 Outra engraçada que me aconteceu também, foi oferecerem me 50€ para ir tocar uma noite, para safar porque o guitarrista não estava livre. Ora Bem, perder tempo a estudar 60 músicas, deslocar me para o ensaio e para o concerto. Tive de pedir 150€. O gajo nunca mais me chateou na vida. Infelizmente já nem os próprios músicos trem respeito uns pelos outros. Essa história dos agentes também e outra. Sei de pessoal que ainda tem bailes para receber porque o agente simplesmente "esqueceu se" de pagar escreveu:

Acredita que não és o único, eu também sei de alguns, e com mais de 2 anos de espera .

"Outra engraçada que me aconteceu também, foi oferecerem me 50€ para ir tocar uma noite, para safar porque o guitarrista não estava livre. Ora Bem, perder tempo a estudar 60 músicas, deslocar me para o ensaio e para o concerto."

PedroGRock realmente é uma falta de respeito...além disso soa-me a projetos em cima do joelho.
Já agora a vocalista dos Black Jellies é muito gira "pá". Adorei a vossa página. Quanto custa uma "coisa" dessas?